Nesta lista entrarão apenas diretores que estão gritando, “Ação!”, ou seja, cineastas que ainda estão na ativa, na linha de frente, com a lama até o joelho.

Na verdade, quase todos vinte-e-um diretores gritam “Action!”, mas o que quis dizer foi que não estou contando diretores aposentados ou diretores que fazem filmes por hobby e que agora estão vestindo chapéu de produtor – como Steven Spielberg e Francis Ford Coppola.

Sim, Spielberg acabou de fazer um filme, Cavalo de Guerra (War Horse, 2011), não assisti ainda, mas está com cara de filme da Disney. Nada contra o Mickey Mouse, mas hoje ele não é o mesmo diretor que fez Tubarão (Jaws, 1979), E.T. O Extra-Terrestre (E.T. The Extra Terrestrial, 1982) e a A lista de Schindler (The Schindler’s List, 1993. Quem sabe Lincoln, previsto para este ano, mude a minha opinião.

Mas por enquanto, aqui estão – em nenhuma ordem específica – os vinte e um (21) melhores diretores deste milênio – até então.

Darren Aronofsky

Dos diretores atuais, Aronofsky é o mais “Kubrickiesco”. Com orçamentos minúsculos ele faz filme após filme que é sucesso de crítica, mas até Cisne Negro (Black Swan, 2010) ele nunca tinha colocado muitas bundas nas poltronas dos cinemas.

Em Cisne Negro, nós acompanhamos o desenrolar da história apenas através do ponto de vista da bailarina Nina. O diretor coloca-nos em seu lugar, “in her shoes” (ou em suas sapatilhas), conduzindo-nos de espectador a cúmplice.

Apesar de ser um diretor aclamado, Aronofsky diz que ainda é extremamente difícil levantar capital para seus filmes. “Graças aos franceses foi possível financiar O Lutador (The Wrester, 2009)”, disse Darren durante um encontro entre diretores. Mesmo depois de seu filme receber duas nominações para o Oscar, de melhor ator e melhor atriz coadjuvante, “…foi outra luta conseguir dinheiro para fazer Cisne Negro”, que custou apenas treze milhões de dólares, segundo Aronofsky.

Darren relatou que usa como inspiração uma montanha russa no Bronx – lugar onde ele cresceu – para fazer seus filmes. Então, caso estiver procurando por uma que dure noventa minutos ou mais, assista um de seus filmes; é garantia que no fim você estará na ponta da cadeira e sem mais unhas para roer.

Outros filmes deste diretor feitos neste século, foram: Fonte da Vida (The Fountain, 2009)

Christopher Nolan

Eu critiquei Nolan em outro artigo, pela sua teimosia em querer criar efeitos especiais sem usar efeitos especiais. Por exemplo, no filme A Origem (Inception, 2010), onde um personagem persegue outro enquanto a gravidade é alterada de cima para baixo e de um lado para o outro, Nolan, ao invés de construir a cena em CGI, ele decidiu montar um corredor de hotel giratório em escala real, suspenso através de  motores construídos especificamente para a engenhoca. Bem, no fim, todos nós temos as nossas peculiaridades…

Memento (2001) é o meu filme preferido de Nolan. Apesar do seu irmão, Jonathan Nolan, ter concebido a ideia, foi Chris quem a pois em prática, arquitetando como as cenas seriam reveladas. Ao explicar ao seu irmão caçula que a cronologia das cenas seria revertida – de trás para frente, Jonathan replicou, “Esta é a coisa mais estúpida que eu já ouvi!” Jonathan reconheceu que apenas dias depois a ficha foi cair.

Após reinventar a “bat-franquia” com aprovação mundial, Nolan surpreendeu com A Origem, recebendo oito nominações a Oscars mesmo sem ter sido nominado como melhor diretor ou escritor.

Outros filmes deste diretor feitos neste século foram: Insonia (Insomnia,2002) & O Grande Truque (The Prestige, 2006)

David Fincher

Conhece algum perfeccionista? Garanto que David Fincher coloca ele no chinelo. Conhecido por fazer uma média de cinquenta a setenta tomadas por cena, Fincher é fixado em colocar a imagem que está em sua mente, pixel por pixel, dentro do enquadramento do visor da câmera. Cada personagem, apetrecho e aparato estão na cena e na posição onde estão, porque Fincher pré-facultou-os.

Mark Ruffalo, que atuou no Zodíaco (Zodiac, 2007), contou à colegas em uma mesa redonda que depois de despejar o coração em uma cena, Fincher parou a filmagem e andou em sua direção. Primeiramente, ele achou que o diretor fosse dar-lhe alguma sugestão ou pedir para fazer a cena novamente como de costume, mas ao invés, ele passou reto pelo ator, moveu um extra no fundo cinco centímetros, retornou para a câmera e gritou “Action!” Naquele momento, Ruffalo entendeu que ele não era o centro da cena, mas apenas parte do quebra-cabeça que Fincher estava tentando montar.

Fincher, como Ridley Scott, Fernando Meirelles e muitos outros diretores que também são excelente cinematógrafos, iniciaram as suas carreiras fazendo comerciais e vídeos musicais, então se você tiver pretensões em um dia tornar-se diretor, fica aí a dica.

Com Rede Social (Social Network, 2010) o ganhador do Oscar de 2011, Seven (1995) e Clube da Luta (Fight Club, 1999) no seu repertório, David Fincher entrou fácil nesta lista. Se houvesse apenas um set onde eu pudesse escolher estar presente, sem dúvida seria o deste diretor.

Outros filmes deste diretor feitos neste século, foram: O Quarto do Pânico (Panic Room, 2002), O Curioso Caso de Benjamin Button (The Curious Case of Benjamin Button, 2008) & Millennium 1 – Os Homens Que Odeiam as Mulheres (The Girl with The Dragon Tatoon, 2011).

Quentin Tarantino

Ninguém é mais fã do Tarantino do que o próprio. Em uma entrevista com Charlie Rose, Quentin elogia David Fincher, mas diz que ele não está na mesma categoria dele, pois ele, Quentin Tarantino, também escreve seus filmes e não apenas os dirige. “Pois para mim, a glória no que eu faço está em começar do zero, com um papel em branco na minha frente.” , diz o diretor, e não vamos esquecer, escritor e egotista.

É possível que seu ego tenha fundamento, acredito que não tem um filme do Quentin que não gostei – ainda não assiti Jackie Brown (1997).

Logo após Cães de Aluguel (Reservoir Dogs, 1992), Quentin  fez uso dos proventos do filme para conhecer a Europa pela primeira vez. Lá, na Holanda, ele escreveu Pulp Fiction (1994) em apenas três semanas, que levou-o a ganhar um Globo de Ouro na categoria “melhor roteiro”.

Django Unchained sai este ano, e se tivesse dinheiro para apostar, apostaria que será outro filmão com sucesso de bilheteria.

Outros filmes deste diretor feitos neste século foram:  Kill Bill Vol. 1 & 2(2003, 2004), Grindhouse, Death Proof (2007), Bastardos Inglórios (Inglourious Basterds, 2009)

Woody Allen

Com setenta e tantos, Woody Allen continua produzindo um filme por ano infalivelmente desde 1966. Ano passado ele estreou seu primeiro blockbuster, Meia-Noite em Paris (Midnight in Paris, 2011), que já arrecadou $165 milhões de dólares – com orçamento de apenas U$30 milhões.

De todos os diretores aqui citados, Woody é o com quem mais me identifico. Não necessariamente pela seu repertório, pois os meus filmes preferidos dele são seus mais recentes: Match Point (2005) e Vicky Cristina Barcelona (2009) – aliás, deveriam ter teses escritas apenas sobre este último título.

Antes de ser diretor de cinema, Woody Allen é escritor – como já confessou algumas vezes. Como Melville Shavelson, um diretor que faleceu em 2007, disse no documentário Tales from The Script (2009), “Eu sou escritor por escolha, produtor por necessidade e diretor por auto-defesa.”.

Ao contrário do David Fincher, Woody Allen é conhecido no ramo por não dar muita direção aos seus atores e por fazer pouquíssimas tomadas. Colin Farrell, que atuou em O Sonho de Cassandra (Cassandra’s Dream, 2007), comentou que o tempo levado para filmar uma cena do Miami Vice (2006) foi congruente ao tempo de filmagem do filme inteiro do Woody Allen.

Se você é “fanzão” dele como eu, assista ao novo documentário de quatro horas da PBS sobre sua carreira – algumas pessoas podem achar longo, pessoalmente, eu gostaria que tivesse durado o dobro.

Outros filmes deste diretor, feitos neste século, foram:  Os Escorpião de Jade (The Curse of The Jade Scorpion, 2001), Dirigindo no Escuro (Hollywood Ending, 2002), Igual a Tudo na Vida (Anything Else, 2003), Melinda e Melinda (2004), O Grande Furo (Scoop, 2006), 

Edward Burns

Falando em fã do Woody Allen, ninguém nesta lista é admirador mais declarado de Allen que Burns. Ele diz ter sido apresentado aos filmes do Woody pela sua mãe, mas apaixonou-se por eles na faculdade e desde então vem tentando emular – sem copiar – o método de Allen com um toque irlandês ao invés do judeu.

Cansado de ouvir não das produtoras e de ter as mãos atadas quando ouvia “sim”, Ed Burns decidiu fazer filmes com orçamentos minúsculos. O seu último filme, Recém-Casados (Newlyweds, 2011) custou apenas 9 mil dólares e o anterior, Os Amores de Johnny (Nice Guy Johnny 2010), apenas 25 mil, a mesma quantia que gastou para produzir no seu primeiro filme, Os Irmãos McMullen (Brothers McMullen, 1995).

Seus filmes são pequenos (de baixíssimo custo), pessoais e repletos de diálogo, com os quais a maioria de nós conseguimos nos identificar. Burns disse que tenta variar entre dirigir um filme e atuar em outro, desta forma ele tira um pouco os pesos dos ombros e descansa do exaustivo cargo de diretor, escritor e agora, produtor.

Caso queira saber mais sobre este diretor independente, leia este outro artigo do Curso de Cinema, Diretor Edward Burns faz filme por 9 mil Dólares.

Outros filmes deste diretor feitos neste século, foram: Paixões em Nova York (Sidewalks of New York, 2001), Quarta-Feira de Cinzas (Ash Wednesday, 2002), A Procura de Kitty (Looking for Kitty, 2004), Noivo em Fuga (The Groomsmen 2006), Segunda Chance para O Amor (Purple Violets, 2007)

Wes Anderson

“Na minha experiência, são os diretores mais tímidos, que falam baixo e que parecem um pouco perdidos, que sabem o que estão fazendo.”, disse Bill Murray sobre Wes Anderson, durante a filmagem de Três é Demais (Rushmore, 1998) – factóide, Três é Demais foi filmado no colégio onde Wes estudou.

A parceria de Wes com os irmãos Wilson – presente em todos os seus filmes – iniciou-se na faculdade com o Owen, que era seu “roommate” (colega de quarto). Junto ao Owen Wilson, Wes Anderson escreveu seu primeiro filme, Pura Adrenalina (Bottle Rocket, 1998), com a supervisão do renomado diretor e escritor James L. Brooks.

No programa Inside the Actor’s Studio, Ben Stiller que trabalhou com Wes nos Os Excêntricos Tenenbaums (Royal Tenenbaums, 2001), disse que o diretor é um gênio. Wes e sua equipe construíram mais de trezentos sets, com alguns deles aparecendo apenas por um segundo neste filme.

A mesma energia que o Wes coloca em apresentar todas as cores de seus personagem através do figurino e desenho de produção, ele coloca em esconder outros detalhes.

Em uma homenagem de dez anos feita ao Royal Tenenbaums, Wes admitiu ter sido intimidado por Gene Hackman durante as filmagens. Na cena onde Royal e o seu comparsa, Pagoda, discutem um plano para reconquistar a sua família, Wes Anderson pediu para Pagoda posicionar-se na frente da Estátua da Liberdade que aparecia já pequena, no fundo. Gene Hackman, sem entender o processo do Wes, bradou, “Qual o propósito de filmar em Nova York, se você não vai mostrar Nova York?”, e finaliza, “Levanta a sua calça e aja como um homem!”.

Outros filmes deste diretor, feitos neste século, foram: A Vida Marinha com Steve Zissou (The Life Aquatic with Steve Zissou, 2004), A Viagem a Darjeeling (The Darjeeling Limited, 2007), O Fantástico Sr. Fox (Fantastic Mr Fox, 2009)

Martin Scorsese

Leonardo DiCaprio que trabalhou com Martin Scorsese em vários projetos, como O Aviador (The Aviator, 2004)  e a Ilha do Medo (Shutter Island, 2010), disse que o conhecimento do Scorsese sobre cinema é tão vasto, que chega a ser injusto para outros diretores. Alexander Payne – outro diretor desta lista – confessa ser um estudante do filme Cassino (Casino, 1995) e que admira tanto o filme que virou tiete do seu maquinista chefe depois de descobrir que ele trabalhou no filme do Scorsese.

Mas Scorsese não vive apenas de adulação, ele também admira colegas e têm um “olho” para talento. Em um artigo para a revista Esquire, o visionário diretor afirmou com convicção que Wes Anderson – o diretor acima, tinha chegado para ficar. Scorsese disse isto logo após o primeiro filme de Wes, o pouco aclamado e pouco assistido, Pura Adrenalina (Bottle Rocket, 1996).

Quando criança, Martin sofria de asma, o que o impedia de praticar esportes.  Por este motivo, o seu irmão levava-o para assistir “double features” nas matinês, ao invés de ir ao parque para praticar esportes como os outros garotos, e foi desta forma, segundo ele, que Martin Scorsese apaixonou-se por cinema.

Confesso que Hugo (2011) , que concorreu ao Oscar de melhor filme este ano, foi um vomitado de efeitos especiais. Mas, como poucos, Scorsese pode cometer seus pecados. Com a vitória no Oscar pelo Os Infiltrados (The Departed, 2006) ele adicionou mais um clássico na nossa coleção, ao lado de Taxi Driver (1976) e Touro Indomável (Raging Bull, 1980).

Outros filmes deste diretor, feitos neste século, foram: Gangues de Nova York (Gangs of New York, 2002)

O Irmãos Coen

Gênio vezes dois é igual a? Quinze filmes geniais.

Estou contando os irmãos como um mas deveria contá-los como quatro. Em Roda da Fortuna (The Hudsucker Proxy, 1994) os irmãos judeus mais queridinhos da crítica – e de Hollywood, criaram uma peça de teatro no formato de filme muito antes de Chicago (2002) ser produzido. Este filme de época e com diálogos tão rápidos quanto datilógrafas dos anos cinquenta, também surpreende no desenho de produção, digno de episódios do seriado Mad Men feitos nesta década.

Sem ilusões de grandiosidade, o clássico de culto, O Grande Lebowski (The Big Lebowski, 1998), definiu com exatidão e humor inigualável, um esteriótipo dos anos noventa, o “Dude” – maconheiro, desempregado e desencanado. Quando digo culto, não estou exagerando. Todos os anos, os fãs do filme organizam festivais onde os participantes vestem-se como os personagens, recontam falas do filme e assistem O Grande Lebowski pela “milésima” vez. Não acreditam? Então confiram o site do Lebowski Fest.

Seria injusto dar todo o crédito aos irmãos Coen, pois Roger Deakins, considerado o melhor cinematógrafo vivo, fotografou quase todos os filmes deles. Mas como Deakins confessou, “Eu não trabalho em filmes onde eu não conecto com a narrativa e com os personagens e os irmão Coen ainda não me enviaram um roteiro onde isto não tenha ocorrido”.

Outros filmes deste diretor feitos neste século, foram: O Homem Que Não Estava Lá (The Man Who Wasn’t There, 2001), O Amor Custa Caro (Intolarable Cruelty, 2003), Matadores de Velhinhas (The Ladykillers, 2004), Onde os Fracos Não Têm Vez (No Country for Old Man 2007), Queime Depois de Ler (Burn After Reading 2007), Um Homem Sério (A Serious Man, 2009) e Bravura Indômita (True Grit, 2010)

Clint Eastwood

Na realidade, Clint Eastwood não grita “action” em seus sets de filmagem. Segundo atores, ele apenas diz “Go ahead, whenever you’re ready.” (Pode começar – sem pressão – quando estiver pronto(a).) Mas quando esta sugestão sai da boca do perpétuo Dirty Harry, ela transforma-se em intimação.  Clint também é conhecido por fazer apenas uma ou duas tomadas por cena – você pode imaginar o que os atores sentem quando esquecem o diálogo.

Matt Damon lembra que um dia deu uma mancada na gravação e pediu para Eastwood fazer mais uma tomada. Eastwood respondeu, “Pra quê? Para perder o tempo da equipe toda?”.

Assim como Woody Allen, Clint me inspira. Com os meus trinta e poucos eu fico mais ansioso a cada ano com a perspectiva de perder o tato – que ainda nem adquiri – ou de não ser capaz de fazer filmes na terceira idade por excesso de nostalgia. Então, quando assisto filmes contemporâneos como Gran Torino (2008), onde ele dá o pé na bunda da molecada, tanto no filme quanto fora das telas, sinto esperança de um dia ser um velho cineasta ranzinza.

Em pleno meio de guerra, Clint Eastwood fez dois filmes sobre a segunda guerra, As Bandeiras dos Nossos Pais (Flags of Our Fathers, 2006) e Cartas de Iwo Jima (Letters from Iwo Jima, 2006) o que não seria relevante se não fosse o fato dele ter feito um sobre a perspectiva do inimigo – os japoneses – e o outro descreditando a origem da estátua com quatro soldados levantando a bandeira americana em Iwo Jima, criada em homenagem ao exército americano.

Imperdoável (Unforgiven, 1992), Gran Torino (2008) e A Troca (Changeling, 2008) são meus filmes favoritos dirigidos por esta lenda viva.

Outros filmes deste diretor feitos neste século, foram: Dívida de Sangue (Blood Work, 2002), Sobre Meninos e Lobos (Mystic River, 2003), Menina de Ouro (Million Dollar Baby, 2004), Invictus (2009), Além da Vida (Hereafter, 2010) e J. Edgar (2011) 

Paul Thomas Anderson

Depois de ter visto uma cobra rastejando na varanda, devido a sua ofidiofobia (medo de cobras), Anderson decidiu trancar-se em uma cabana nas montanhas de New Hampshire e escrever . O resultado foi Magnólia, um roteiro de duzentos e vinte páginas.

Magnólia (1999) foi o primeiro filme que assisti do Paul Thomas Anderson (conhecido também pelas siglas, PTA). No momento, não consigo pensar em outro filme com uma introdução mais elaborada e cativante. Ele usa três fábulas fantásticas, supostamente verídicas, para justificar e preparar a audiência para a chuva de sapos que está por vir (se você ainda não assistiu este filme, não, “chuva de sapos” não é um eufemismo).

Antes de Magnólia, PTA fez Prazer Sem Limites (Boogie Nights, 1997), que foi uma homagem e uma crítica ao mundo pornô. Ele relata que, quando assistia filmes pornô com dezessete anos, não entedia porquê os diretores colocavam os atores pornôs em posições anormais ao invés de ele, o diretor, procurar com a câmera os melhores ângulos.

Acredito que nenhum dos seus filmes compara-se ao Sangue Negro (There Will Be Blood, 2007). O uso de som, principalmente no início do filme, é inusitado – te pega de surpresa e te sacode na poltrona do cinema. O fato dele ter recrutado Daniel Day Lewis, quem muitos consideram o melhor ator da atualidade, também deu veracidade à cenas que poderiam ter tornado-se pastelões nas mãos erradas.

O Mestre (The Master, 2012) que ainda está para sair este ano, poderia ser o título da biografia deste diretor que, com quarenta e dois (42) anos, ainda têm cara de garoto.

Sim, ele faz apenas um filme a cada 5 anos, mas quando seus filmes são estreados, seus fãs prendem o fôlego durante duas (ou até três) horas, sem saber o que está por vir.

O outro filme deste diretor feito neste século, foi: Embriagado de Amor (Punch Drunk Love, 2002)

José Padilla

John Malkovich – isto, o ator que interpretou John Malkovich no filme Quero Ser John Malkovich (Being John Malkovich, 1999) – afirmou que um de seus filmes favoritos de todos os tempos é o brasileiríssimo Elite Squad (Tropa de Elite, 2007). Infelizmente, ainda não sabemos seu veredito quanto ao Tropa de Elite 2: O Inimigo Agora é Outro (Elite Squad II: The Enemy Within, 2010).

Padilha está consciente dos comentários sociais feitos em seus dois filmes de ação. Depois de assisti-lo no Lobotomia – show do, convenhamos, exaustivo Lobão (na MTV) – percebi que o “Zé” não é apenas diretor, mas ativista também. Não, ele não faz passeata para político, pelo contrário, critica tanto a esquerda quanto a direita.

Nesta mesma entrevista, Padilha confirmou boatos sobre o seu primeiro longa-metragem ter sido pirateado pelo ministro da educação, Gilberto Gil. Aparentemente, o ministro tinha intenções de exibir o filme – que na época ainda não havia chegado aos cinemas – em uma sessão fechada para amigos e comparsas do distrito federal. Ao saber disto, Padilla, em uma de capitão Nascimento, marchou até a porta do cantor e exigiu explicações. O diretor foi imediatamente abordado por seguranças e antes que ele precisasse tomar ações mais drásticas, a empregada da casa trouxe-o a cópia pirateada (ou evidência, como preferir) e entregou-a ao Padilla.

Mesmo antes de ter sido esnobado pelo Oscar este ano, a sequência do Tropa de Elite bateu recorde de bilheteria no Brasil, passando o Avatar (2009) do James Cameron, que até então mantinha-se na primeira posição.

Padilha é sempre elogiado como diretor, mas ele é também um tremendo escritor, tecendo entrecho e diálogo como “the best in the business”.

Ano que vem, José Padilha estreia o antecipado Robocop (2013).

Outros filmes deste diretor feitos neste século, foram: Ônibus 174 (Bus 174, 2002), Garapa (2009), Segredos da Tribo (Secrets of The Tribe, 2010)

Fernando Meirelles

Depois de terminar a produção do O Poderoso Chefão (The Godfather, 1972), Francis Ford Coppola desabafou, “Ufa, acho que não vou precisar prestar contas à críticos nos próximos dez anos…” Francis estava enganado, ele não precisou fazer mais nada nos próximos trinta. Acredito que o mesmo pode ser dito sobre Fernando Meirelles e seu aclamado, Cidade de Deus (2001).

Depois de sair batendo em porta de produtora a procura de financiamento, Meirelles, segundo o mesmo, fez a maior loucura que um cineasta pode fazer, pagar o filme do próprio bolso. No programa Roda Viva, Meirelles disse à apresentadora que quando encontrou Steven Spielberg pela primeira vez, Spielberg veio para cima dele e indagou, “Então, como foi que você fez aquela cena com a galinha na abertura do filme? Que tipo de mecanismo você usou?” Meirelles respondeu, “Bem, a gente amarrou a câmera em um cabo de vassoura, daquelas de palha, e corremos a atrás da galinha.” Steven Spielberg, “:o”.

É óbvio que patriotismo não foi a razão pela qual decidi incluir mais um brasuca na lista, Meirelles merece seu lugar entre os melhores diretores de cinema do mundo contemporâneo apenas por ter tirado o Brasil da nhaca – falando-se de cinema. Mas não é o caso, o diretor-produtor dirigiu também O Jardineiro Fiel (The Constant Gardner, 2005), Ensaio Sobre a Cegueira (Blindness, 2008) e 360 (2011).

O diretor Tony Scott, irmão do Ridley Scott, disse que andou com uma cópia do Cidade de Deus, como uma bíblia, debaixo do braço durante a produção do seu filme Chamas da Vingança (Man on Fire, 2004).

Outros filmes deste diretor feitos neste século, foram: Domésticas (2001) & Som e Fúria (2009)

Jean-Pierre Jeunet

O cinema francês não estava tão negligenciado quanto o brasileiro, mas Jeunet deu uma recauchutada na percepção do “le cinéma français” para a geração pós-Nouvelle Vague (uma bossa nova francesa). Esta revolução, iniciou-se com Delicatessen (1991), que passa-se em uma realidade pós-apocalíptica, onde canibalismo faz parte das refeições diárias.

Sim, esta lista é sobre os últimos doze anos, mas é importante ressaltar a influência de seus outros filmes na criação do seu merecidamente popular, O Fabuloso Destino de Amelie Poulian (Amelie, 2001) . Com o toque cinematográfico emprestado de seus outros filmes, como o supracitado e A Cidade das Crianças Perdidas (La Cité des Enfants Perdus, 1995), Jeunet criou uma obra de arte em Amelie, sobre o cotidiano de pessoas mundanas e suas idiossincrasias – como um quadro de Renoir.

Apesar da história passar-se na ilustre cidade de Paris, Jean-Pierre Jeunet concentrou-se apenas em vizinhanças pequenas, afastadas de pontos turísticos – de uma forma similar a como Wes Anderson fez uso de Nova York em The Royal Tenenbaums, apenas alguns anos antes.

Em uma conferência no BAFTA (British Academy of Film and Television Arts) o diretor admitiu que não gosta de como o cinema francês é definido atualmente. “A impressão que tenho é que sempre existe um casal tendo desavenças na cozinha em filmes franceses. Eu prefiro escrever histórias positivas.”

Micmacs (2009) foi seu último fime, ainda não assisti, mas acredito que dificilmente irá me decepcionar.

Alexander Payne

“Se existe um talento que possuo, é de achar o ator perfeito para cada personagem.”, proferiu Payne em uma entrevista.

Durante a busca do elenco ideal para o Entre Umas e Outras (Sideways, 2004) –  seu filme mais bem recebido pelo público e pela crítica, George Clooney apresentou-se imediatamente pronto para fazer o papel de Jack, o amigo do Miles no filme (personificado por Paul Giamatti). Em Hollywood ninguém fala “não” para o Clooney, mas Alexander Payne disse-o. Não apenas disse não, mas intimou-o, “Por que você – George Clooney – não para um pouco de ser estrela de Hollywood e começa a virar um ator de verdade? Depois sim, venha falar comigo…”

Aparentemente George Clooney é “mulher de malandro”, porque depois deste esculacho ele aceitou fazer o papel do Matt King no último filme do Alexander Payne, Os Descendentes (The Descendents, 2012). Clooney recentemente enunciou ter sido o melhor papel da sua vida até então.

Payne não é culpado de ter todos os seus filmes glorificados pela mídia intelectual, As Confissões de Schmidt (About Schmidt, 2002) e Entre Umas e Outras (Sideways, 2004) são merecedores de todas as bajulações recebidas. Existem ao menos vinte e um outros diretores, alguns deles mencionados no fim deste artigo, que poderiam estar ocupando a sua posição nesta lista, mas “consistência não é sorte, é talento” como disse Jason Reitman – nosso próximo diretor da lista e profundo admirador do trabalho de Payne.

Uma curiosidade, Alexander Payne tem um pé de jabuticaba no quintal da sua casa no sul da Califórnia – para quem não sabe, pé de jabuticaba é uma árvore frutífera que é natural apenas do serrado do sudeste brasileiro. Payne disse que a melhor parte de ter um pé de jabuticaba é poder dizer ja-bu-ti-ca-ba – com sotaque de gringo, claro.

Jason Reitman

Ainda na casa dos trinta, Jason Reitman é o diretor mais jovem desta lista. Ele disse estar correndo atrás do Alexander Payne, em termos de legado, mas se você me perguntar, eles já estão pário a pário.

Se o sobrenome Reitman não lhe parece estranho, é porque Jason é filho do consagrado diretor Ivan Reitman.

Em um evento, destes com tapete vermelho, Jason Reitman aproximou-se de outro diretor, Kevin Smith, alegando que Smith foi um dos cineastas que inspirou-o a perseguir a carreira de diretor. Kevin, desacreditado, replicou, “Calma aí, você é filho do diretor dos Os Caça-Fantasmas e eu que te levei a ser cineasta?”

Reitman queixa-se que muitos acham que nepotismo pavimentou a sua carreira. “Quando você é fillho de alguém famoso, presume-se que você seja mimado, drogado e sem talento. Assim que fiz meu primeiro filme, as pessoas me parabenizavam como se minhas mãos tivessem atadas e eu tivesse pintado um quadro com os pés.”

Seu primeiro longa, Obrigado Por Fumar (Thank You for Smoking, 2005), foi aplaudido pela crítica e bem recebido por quem viu, mas foi Juno (2007) que colocou Reitman no mapa-múndi. O filme custou apenas sete milhões de dólares mas já rendeu quase trezentos (300) milhões.

Jason Reitman tem feito um filme a cada dois anos, Jovem Adulta (Young Adult , 2011), com a Charlize Theron, foi seu ultimo e como seu primeiro filme, ele foi bem prestigiado por críticos mas não foi visto por muitos. Durante um bate-papo em um podcast com Kevin Pollack, Reitman contou que ficou um pouco cabisbaixo por não ter ganho nenhum Oscar, apesar de Amor Sem Escalas (Up in the Air, 2009) ter recebido seis nomeações. Foi então que Ivan Reitman consolou seu filho dizendo, “Se você tivesse ganho, você teria perdido a sua sede de vencer.”. Jason disse que foi melhor coisa que ele poderia ter ouvido naquele instante.

Pedro Almodóvar

Pedro nasceu em La Mancha, Espanha – na mesma região do personagem Don Quixote. Aos 22 anos, ele decidiu mudar-se para Madrid e seguir seu sonho de fazer teatro e cinema – contra a vontade da família. Com o seu primeiro salário, ele comprou um câmera Super-8 e em poucos anos começou a fazer seus primeiros curtas.

Penélope Cruz diz que deve a sua carreira de atriz ao Pedro. Depois de assistir Ata-me (Átame!, 1990) ao 13 anos, ela resolveu que precisava ao menos tentar a carreira de atriz. No mesmo dia, ela foi a uma agência procurar por representação, mas a agente que atendeu-a, pediu-a para ela retornar depois de uns anos. Sim, ela retornou, mas na próxima semana, e ouviu a mesma coisa. Penélope continuou insistindo, até, eventualmente, conseguir seu primeiro papel como filha de uma prostituta em Jamón, jamón (1992).

Os motivos pelos quais estou ressaltando a carreira da Penélope Cruz são dois; o primeiro porque o diretor e a atriz colaboraram em quatro filmes, coincidentemente ou não, entre os mais exaltados de Almodóvar. Segundo, porque muitos consideram Almodóvar um dos poucos diretores que ainda oferecem papéis complexos para personagens femininos.

O uso de cores em todos os seus filmes é magistral e em Volver (2006) ele explora essa ideia ao máximo. Caso você não esteja versado nos trabalhos de Almodóvar, aconselho inverter a cronologia e começar com seu último filme, A Pele Onde Eu Vivo (La Piel que Habito, 2011). Não quero estragar o filme para você que ainda não o viu, então, apenas vou dizer que Almodóvar conseguiu, de uma forma inusitada, reinventar o gênero Frankenstein.

Nunca se sabe o que irá sair da cabeça deste diretor, tanto no cinema como em entrevistas. Em uma conversa com o 60 Minutes, Almodóvar diz que tem desejos sexuais pela Srta. Cruz, na frente da beldade. Pedro é abertamente gay.

Outros filmes deste diretor feitos neste século, foram: Abraços Partidos (Los Abrazos Rotos, 2009), Má Educação (La mala educación, 2004), Fale com Ela (Hable con Ella, 2002)

James Cameron

Com o relançamento do Titanic (1997) em 3D este ano, batendo recorde na China, 2012 promete ser mais um ano lucrativo para Cameron. James Cameron é da mesma linhagem que George Lucas, ele escolhe projetos que levam uma década para serem concluídos e que são literalmente impossíveis de serem realizados por falta de tecnologia que ainda não existe; e é aí que entra o espírito tutelar de Cameron.

No momento, ele está tentando convencer Hollywood a fazer quase todos os filmes em 3D – pois ele é dono da patente – ao mesmo tempo diz querer alterar o padrão clássico de 24 qps – quadros por segundo (usado para filmar a vasta maioria dos filmes hoje em dia) – para 48qps e 60qps, pois desta forma, a tecnologia 3D funcionaria de forma mais eficiente.

No fim dos anos oitenta, este louco endinheirado (ou seja, excêntrico) encontrou uma instalação nuclear abandonada do tamanho de dois campos de futebol, com a altura de um prédio de cinco andares e encheu-o com sete milhões de galões de água para filmar o seu épico, O Segredo do Abismo (The Abyss, 1989).

Depois disto ele retornou com Exterminador do Futuro 2 (Terminator 2, 1992) com efeitos gráficos nunca antes vistos, e em 1996, todo mundo sabe, “Eu sou o rei do mundo!”. É James, acho que é sim!

Mesmo tendo apenas um filme no vigésimo primeiro século, Avatar (2009) já fez quase três bilhões de dólares – sim, bilhões com “b”.

Ridley Scott

Quando um jornalista da BBC perguntou ao Sir Scott se algum ator-celebridade já havia desrespeitado-o no set de filmagem, Ridley respondeu, quase que instantaneamente, “Comigo não, comigo isso nunca acontece!”. O diretor de Alien (1979) pode estar na terceira idade – e odeia ser chamado de velho ou ser associado a qualquer termo que insinue velhice – mas vem trabalhando como um recém-graduado nestes últimos doze anos, mantendo uma média jovial de um filme ao ano.

Scott fez seu terceiro longa metragem,  o futurístico Blade Runner (1982), com quarenta e três (43) anos de idade, mas como constantemente menciona em suas entrevistas, neste estágio da sua carreira ele já havia produzido mais de dois mil comerciais.

O diretor diz gostar de alternar entre um épico – como Gladiador (Gladiator, 2000) – e filmes que focam em personagens – como Um Bom Ano (A Good Year, 2006), por qual ele e seu parceiro em várias outras empreitadas, Russel Crowe, são comumente criticados. Pessoalmente, gostei mais de Os Vigaristas (Matchstick Man, 2003) do que de Robin Hood (2010), que teve um custo cinco vezes superior.

Prometheus (2012), seu épico que sai este ano, sobre um time que embarca em uma jornada no universo em busca da origem humana, promete.

Outros filmes deste diretor feitos neste século, foram: Hannibal (2001),  Falcão Negro em Perigo (Black Hawk Down, 2001), Cruzada (Kingdom of Heaven, 2003), O Gângster (American Gangster, 2007), Rede de Mentiras (Body of Lies, 2008)

Lars Von Trier

É provável que você nunca tenha ouvido falar deste nome e a razão não é porque ele seja dinamarquês ou por seus filmes serem inacessíveis ao grande público, mas porque ele é visto no mundo hollywoodiano como um antissemita. Para aqueles que não sabem, ter um ponto de vista que opõe os judeus ou a religião judaica na mídia americana é suicídio de carreira.

Ser considerado um antissemita em Hollywood é pior que sodomizar uma garota de treze (13) anos. Não acredita? Então pergunte ao judeu Roman Polanski que continua exilado na França por cometer este crime, mas ganhando Oscar de melhor diretor O Pianista (The Pianist, 2003).

Caso esteja familiarizado com os filmes do Lars, deve concordar que a razão principal pela qual ele está nesta lista é Dogville (2003). Neste filme – ou peça de teatro em forma de filme – este controversista propõe e prova a tese que a alma do filme está no roteiro, direção e atuações. O filme foi rodado em um galpão na Suécia, que assemelha-se a um palco de teatro, onde quartos, salas e casas de um vilarejo nos Estados Unidos – Dogville – são divididos com marcações no chão – acredito que feitas com giz.

Depois de quinze minutos assistindo ao filme, o telespectador esquece que não existe um set convencional, e começa a acreditar na interação do ambiente, parcialmente inexistente, com os personagens. O próprio Lars foi quem controlou a câmera durante as gravações dos dez (10) capítulos desta subestimada obra-prima.

Manderlay (2005) é continuação do filme acima e Melancolia (Melancholia, 2011) é seu último, onde Lars mais uma vez quebra as normas visuais de como uma história deve ser contada em frente a câmera.

Outros filmes deste diretor feitos neste século, foram: O Grande Chefe (The Boss of It All, 2006), Anticristo (Antichrist, 2009)

Edgar Wright

Edgar Wright é o vigésimo primeiro e último da nossa lista, mas nem por isto o menos talentoso. Talvez você não leva a comédia deste diretor a sério, mas este inglês reinventou e ressuscitou o humor britânico, que para a maioria dos brasileiros resumia-se em episódios do Mr. Bean.

A contribuição do Edgar não para aí, seus filmes são uma metralhadora na área de edição e mantêm a atenção até de adolescentes que sofrem de DDA (Distúrbios do Déficit de Atenção). Suas transições editoriais são tão inovadoras que despertaram o interesse do diretor Sam Raimi – conhecido por seus filmes de terror nos anos oitenta e pela trilogia do Homem-Aranha (Spiderman).

Seus filmes são uma obra de engenharia onde cada quadro é preconcebido, muito pouco é deixado para ser decidido na pós-produção. Os primeiros dois minutos e vinte segundos do seu segundo filme, Chumbo Grosso (Hot Fuzz. 2007) – onde o protagonista, sargento Nicholas Angel, é introduzido – é constituído de mais ou menos setenta e cinco tomadas de câmera. Talvez seja possível encontrar menos tomadas no filme inteiro de outros diretores  como Woody Allen, que zelam por tomadas longas e dias curtos.

Em seu trabalho mais recente, Scott Pilgrim Contra o Mundo (Scott Pilgrim vs. The World, 2010), um pós-adolescente é obrigado a derrotar sete (7) ex-namorados para conquistar uma garota – sim, como em um vídeo game. A linguagem e a irreverência utilizadas no filme atinge uma fatia em demanda da geração Y. Inexplicavelmente, nenhum dos filmes do Edgar Wright foram grandes sucessos financeiros, mas prevejo um futuro sólido na bilheteria para este diretor, que vêm construindo um culto fiel e seguidor.

Outros filmes deste diretor, feitos neste século, foram: Todo Mundo Quase Morto (Shaun of The Dead, 2004)

Antes de ser acusado de racista e (ou) machista…

Preconceito, seria incluir um(a) diretor(a) apenas por sentir obrigado a ser politicamente correto. Não tem discussão, cinema ainda é um mundo masculino e caucasiano. Para cada vinte diretores apenas um é do sexo feminino e somente um em cada cinquenta são afro-descendentes.

Dito isto, aqui estão três mulheres, seguidas de três afro-americanos, que por pouco não entraram na lista.

Adrienne Shelley

Se não fosse pelo lamentável destino desta talentosa diretora, escritora e atriz responsável por Garçonete (Waitress, 2007) , ela provavelmente estaria nesta lista.

No dia 1° de novembro de 2006, Shelley foi encontrada morta, estrangulada no seu apartamento. O assassino foi preso e confessou ao crime alegando entrar no apartamento para roubar, mas decidiu matar a diretora depois que viu-a ligando para a polícia.

Infelizmente, Adrienne não chegou a ter a oportunidade de assistir o seu incrível filme nas telas do cinema.

Sofia Coppola 

Bill Murray, quem considero um dos melhores atores vivos e ativos, disse que Encontros e Desencontros (Lost in Translation, 2003) foi o melhor filme que já fez, mas não foi fácil conseguir Murray para fazer o papel do ator, Bob Harris.

Bill é provavelmente o único ator que não tem agente, no lugar, ele usa uma secretária eletrônica. A coitada da Sofia teve que deixar mais de cem mensagens antes de receber uma resposta do ator.

Encontros e Desencontros foi pessoal, original e controvérsio – no bom sentido – mas Um Lugar Qualquer (Somewhere, 2010), nem tanto.

Kathryn Bigelow

É provável que é a Kathryn Bigelow tenha mais “cojones” que seu ex-cônjuge, James Cameron – e é também possível que James concorde com esta afirmação.

Kathryn dirigiu Caçadores de Emoção (Point Break, 1991), um filme cheio de testosterona com Keanu Reeves e o recente falecido Patrick Swayze. James Cameron disse que Keanu Reeves deve toda a sua carreira a diretora, pois foi ela quem lutou por ele contra a vontade dos produtores da época.

Bigelow foi a Hollywood provar que mulher no volante dá pole position, e foi o que fez ao conduzir o Estado de Guerra (The Hurt Locker, 2008) ao Oscar de melhor filme – competindo contra o Avatar de Cameron.

O problema é que fora este filme, Bigelow não fez nenhum outro neste século. Sim, Cameron também não, mas já dei minhas justificativas…

Apesar disto, alguns críticos que não ousaram criticar um filme de guerra em tempos de guerra, decidiram sair na imprensa depois do Oscar dizendo o que realmente acharam do filme, em suma, “Bom filme, mas não merecedor de Oscar de melhor filme.”

Antoine Fuqua

Sim, concordo, ele fez um dos melhores filmes deste século, Dia de Treinamento (Training Day 2011) e se a lista fosse dos vinte e dois melhores diretores deste século, ele provavelmente estaria nela.

O filme que deu o primeiro Oscar ao Denzel Washington, não foi escrito pelo diretor, mas é um tema pessoal para Fuqua. Antoine diz ter presenciado várias situações parecidas com as que ele retratou no seu filme com Denzel e em Atraídos pelo Crime (Brooklyn’s Finest, 2009). Com apenas doze anos de idade, este diretor testemunhou uma pessoa morrendo a tiros depois de tentar assaltar um loja de conveniência.

O problema com Fuqua não estão em nenhum dos filmes mencionados, mas em Lágrimas do Sol (Tears of The Sun, 2003) Rei Artur (King Arthur, 2004) , onde ele parece ter comprometido um pouco de sua integridade artística por um cache mais elevado.

Steve McQueen

Em uma sala com Jason Reitman, Mike Mill, Alexander Payne, Michel Hazanavicius, Bennett Miller e Steve McQueen, o condutor da entrevista conjunta dirige uma pergunta a McQueen (o único negro (afro-britânico) do grupo), “Vocês são todos homens, e apenas você, Steve, faz parte de uma minoria. Qual o por quê disto?” Steve responde com irreverência, “Eu só posso estar nos Estados Unidos…” e continua, “Eu fico abismado com diretores americanos que nunca colocaram um negro como protagonista em seus filmes. É vergonhoso! Como você (sem apontar dedos, mas sutilmente acusando todos na sala), como diretor, pode viver em uma cidade cosmopolita como Nova York e não escalar atores latinos e negros? É inacreditável!” McQueen passa a batata quente para os outros diretores, dizendo ao condutor, “Talvez você devesse perguntar à eles…”

Em uma sala onde todos presentes construíram uma carreira expressando suas opiniões, era possível ouvir uma mosca.

Hunger (2008) e Shame (2011) são excepcionais na forma que exploram a condição humana, reminescentes de Réquiem para um Sonho (Requiem for a Dream, 2000). Está um pouco cedo para saber se McQueen será um Aronofsky, mas tudo indica que sim.

Lee Daniels

O diretor do dramático Precious (2010) disse que avaliou mais de trezentas meninas antes de escolher a Gabourey Sidibe para o papel principal. “No fim, eu cheguei a vinte atrizes que poderiam ter me oferecido uma atuação semelhante a que a Gab me proporcionou, mas a diferença é que ela não era a personagem do filme e todas as outras garotas haviam sofrido abusos semelhantes aos testemunhados no filme. A Gab estava atuando e senti que se eu escolhesse uma das outras garotas, eu estaria usando-as de alguma forma.”

O Sr. Daniels dirigiu apenas outro filme, Na Sombra do Assassino (Shadowboxer, 2005), com Cuba Gooding Jr. e como o ator, a ideia para este filme deveria ter sido esquecida nos anos 90.

Outros diretores que merecem ser mencionados:

Richard Linklater – Antes do Anoitecer (Before Sunset, 2004), Terrence Malick – A Árvore da Vida (Tree of Life, 2011), Robert Rodriguez – Sin City: A Cidade do Pecado (Sin City, 2005), Ben Affleck – Atração Perigosa (The Town, 2010), George Clooney – Boa Noite, e Boa Sorte (Good Night, and Good Luck, 2005), Charlie Kaufman – Sinédoque, Nova Iorque (Synecdoche, New York, 2008), Danny Boyle – Quem Quer Ser Um Milionário? (Slumdog Millionaire, 2010), Andy e Larry Wachowski (Wachowski Brothers) – The Matrix Reloaded (2003), Walter Salles – Diários de Motocicleta (The Motorcycle Diaries, 2004), James L. Brooks – Espanglês (Spanglish, 2004), Doug Liman – A Identidade Bourne (The Bourne Identity, 2002), Mike Niccols – Perto Demais (Closer, 2004), Susanne Bier – Em um Mundo Melhor (Hævnen, 2010), Paul Greengrass – Zona Verde (Green Zone, 2010), Andrew Niccol – O Senhor das Armas (Lord of War, 2005), Steven Soderbergh – Che (2008), Guy Ritchie – Sherlock Holmes (2009), Tim Burton – Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet (Sweeney Todd: The Demon Barber of Fleet Street, 2007), David Cronenberg – Senhores do Crime (Eastern Promises, 2007), Michael Mann – Colateral (Collateral, 2004), Mel Gibson – Apocalypto (2006), Marc Webb – (500) Dias com Ela ((500) Days of Summer, 2009), Michel Hazanavicius – O Artista (The Artist, 2011), Terry Gillian – O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus (The Imaginarium of Doctor Parnassus, 2009), Alejandro González Iñárritu – Biutiful (2010), Jean-Pierre Dardenne – O Garoto da Bicicleta (Le Gamin au Velo, 2011), Kevin Macdonald – O Último Rei da Escócia (The Last King of Scotland, 2006), Roman Polanski – O Escritor Fantasma (The Ghost Writer, 2010), Chan-wook Park – Oldboy – Velho Amigo (Oldeuboi, 2003), Marco Tullio Giordana – O Melhor da Juventude (La meglio gioventù, 2003), Juan José Campanella – O Segredo dos Seus Olhos (El Secreto de Sus Ojos, 2009), Tom Hooper – O Discurso do Rei (The King’s Speech, 2011), David O. Russell – O Vencedor (The Fighter, 2010), Asghar Farhadi – Uma Separação (Jodaeiye Nader az Simin, 2011), Guillermo del Toro – O Labirinto do Fauno (El laberinto del faun, 2006), Terry George – Hotel Ruanda (Hotel Rwanda, 2004), Nicolas Winding Refn – Drive (2011), Debra Granik – Inverno da Alma (Winter’s Bone, 2010), Olivier Nakache e Eric Toledano – Amigos Improváveis (Intouchables, 2011), Rupert Wyatt – Planetas dos Macacos: A Origem (Rise of the Planet of the Apes, 2011), Matthew Vaughn – X-Men: Primeira Classe (X-Men: First Class, 2011), Jonathan Levine – 50% (50/50, 2011), Sean Penn – Na Natureza Selvagem (Into the Wild, 2007), Gabin O’Connor – Combate Irmãos (Warrior, 2010), Denis Villeneuve – A Mulher que Canta (Incendies, 2010), Nuri Bilge Ceylan – Era uma vez na Anatólia (Bir zamanlar Anadolu’da, 2011), Jee-woon Kim – Eu Vi o Diabo (Akmareul boatda, 2010), Shane Black – Beijos e Tiros (Kiss Kiss Bang Bang, 2005), Eli Roth – O Albergue (Hostel, 2005)


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